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MEMORIAL DE PATRÍCIA MOURA

Já que essa é a minha primeira postagem, decidi compartilhar com vocês um memorial que fiz quando estava no 3º ano da faculdade, em 2006. Aqui conta um pouco da minha história

 
MEMORIAL DE PATRÍCIA NOGUEIRA MOURA
 

 
Sou a filha mais velha de uma família de dois irmãos. Thiago e Fernanda. Meu amado pai, um digno e dedicado homem chama-se Paulo e minha amada mãe, um exemplo de mulher para mim, chama-se Maristela. Nasci dia 26 de janeiro de 1986, no Hospital da Siderúrgica Nacional, atualmente conhecido como Vita, na cidade de Volta Redonda (RJ). Na verdade, considero-me resendense, pois sempre morei em Resende. Minha mãe só foi operar em Volta Redonda porque a prima do meu pai, Sandra, mora lá e foi ela quem fez o parto.
 
Ingressei-me ao "mundo das palavras"aos oito meses de idade. Comecei devagar, apenas repetindo algumas palavras e a primeira delas foi "papai", nem preciso falar como meu pai ficou alegre. Acho que foi uma maneira que eu arranjei de presenteá-lo por já desde aquela época ser tão carinhoso e protetor comigo. Minha mãe sempre diz que meu pai era o mais corujão da família, que ele cuidava de mim com muito carinho, dava-me banho, trocava fralda, fazia-me dormir no colo dele, dava mamadeira, brincava... no dia em que nasci, ele passou a noite inteira em pé, olhando-me através do vidro do berçário para que ninguém me roubasse ou me maltratasse. Sempre que eu tinha que tomar um remédio, ele tomava primeiro para saber que gosto tinha, apesar de eu nunca ter entendido isso, porque mesmo se o remédio fosse ruim, eu era obrigada a tomar do mesmo jeito. Como ia dizendo, comecei devagar, falava poucas palavras ainda, como "mamã" (mamãe); "bobó"(vovó); "bábua" (água); "au au"; "tau tau" (tchau tchau); "bao" (banho); "um" (porque todos me perguntavam quantos anos eu ia fazer) e algumas outras.
 
Com um ano mostrei para toda a família meu interesse por livrinho de histórias e revistas. Gostava tanto, que minha mãe, carinhosa do jeito que é e querendo deixar-me sempre feliz, preparou um cantinho só de revistas e livros para mim e eu passava horas folheando as páginas, super concentrada.
 
Minha mãe disse que quando eu tinha um ano e sete meses já falava de tudo, claro que pronunciava errado algumas palavras, como "Thiado" (Thiago); "tola" (cola); "porte" (porque); "binco" (brinco), mas conseguia comunicar-me, e entender tudo o que diziam para mim. Aos dois anos e seis meses já falava quase tudo da maneira correta e aprendi a usar as palavras no plural.
 
Sou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ultimos Dias, as pessoas nos conhecem como Mórmons, mas na verdade, somos SUD (Santos dos Ultimos Dias). Além de minha mãe e meu pai, que me ajudaram a ser o que sou hoje, devo muito a minha igreja também. Se hoje tenho facilidade ao falar ou debater em público, a igreja é uma das grandes responsáveis por isso. As reuniões acontecem aos domingos, e lá tem uma salinha especial para as crianças, que com a ajuda dos pais preparavam uma mensagem e faziam um pequeno "discurso" para os amigos. Bem, aos quatro anos de idade fiz meu primeiro discurso e lembro-me muito bem daquele dia. Passei a semana inteira "lendo" - na verdade minha mãe lia e eu ouvia pois não sabia ler ainda - a Bíblia ilustrada que eu tinha, preparamos tudo e ensaiávamos todos os dias. Convidei a Isabela, minha vizinha e primeira amiga, para assistir, e meus pais também estavam lá. Fiquei muito nervosa na hora, era a primeira vez que falava em público, minha mãe ficou o tempo todo do meu lado, segurando minha mão. Chorei um pouco e minha mãe ajudou-me. Falei um pouquinho sobre Jesus Cristo e quando acabei, senti-me bem e adorei passar por aquela experiência.
 
Com cinco anos de idade já estava doida para entrar para a escola e depois de muita pesquisa, meus pais matricularam-me no Jardim III na Escola 29 de Setembro, uma escola que vou guardar sempre em meu coração. Lembro-me do meu primeiro dia de aula, estava toda eufórica, achando-me linda no uniforme que minha avó Yedda havia costurado para mim. Era uma saia azul-marinho toda preguiada; uma blusa xadrez vermelha e branca com meu nome bordado no bolso; meia branca e sapatinho preto. Minha mãe encomendou muitos lacinhos e arcos de cabelo com as cores do uniforme e cada dia eu usava um. Meus pais levaram-me para a escola, quando chegamos lá, dei um beijo neles, falei que podiam ir embora e entrei. Eles ficaram um pouco assustados com minha reação, pois achavam que eu faria o mesmo que muitas crianças, chorar, não querer ficar sozinha... e nada disso aconteceu. Adorava ficar na escola e rapidamente fiz amizades (Fernanda Maria, Gisele e Amanda) e fazia todos os meus trabalhinhos com dedicação, gostava de acertar tudo sempre, para mostrar meu desempenho para meus pais e também porque eu adorava quando a tia Elcia fazia elogios e deixava bilhetinos para mim. O dia que aprendi a escrever meu nome inteiro foi uma emoção. Mostrei para todos o meu grande feito. No Jardim III eu aprendi as vogais maúsculas e minúsculas e algumas letras, ficava toda feliz com minhas descobertas. Mas ansiava chegar logo no CA, meu desejo de aprender a ler e escrever aumentava. Desejava ler sozinha todos os livrinhos que tinha casa. Também aos cinco anos fiz meu segundo discurso na igreja, o tema era dizer sempre a verdade. Dessa vez eu estava mais calma, meus pais estavam lá, orgulhosos de mim. O frio na barriga não desaparecera desde a primeira vez, mas mesmo assim dei minha mensagem e adorei ter discursado novamente.
 
Fiz o CA com seis anos e a tia Noeli foi minha professora, é muito bom saber que ela se lembra de mim até hoje. Lembro-me de não querer perder nenhum dia sequer de aula. Pois a cada dia aprendíamos algo novo e foi muito emocinante perceber que eu estava lendo e escrevendo. Assim que aprendi a escrever, escrevia cartinhas para todos e não tinha um anúncio na rua que eu não lesse. Falando em escrever, assim que aprendi, minha mãe entregou-me meu diário para que eu mesma escrevesse. Desde que nasci tenho diário, minha mãe registrava tudo para mim, até o dia que pude fazê-lo com minhas próprias mãos. Até hoje eu escrevo, no total já são nove diários. Lembro-me também que quando eu chegava em casa da escola, ia direto fazer as tarefas, adorava fazer meus deveres e perdia muito tempo neles porque queria que ficassem perfeitos. Nós tínhamos uma cartilha e em cada capítulo havia vários textinhos e deveres de português. A cada tarde a tia Noeli chamava um por um na mesa dela e pedia para o aluno ler um texto. Eu ficava horas ensaiando em casa para fazer bonito na sala. Minha mãe disse que eu estava sempre na frente da pofessora. É que a professora nos ensinava as consoantes do capítulo um, por exemplo, e eu chegava em casa e sozinha no meu quarto conseguia aprender ler os textos e quando apareciam as consoantes dos outros capítulos perguntava para meus pais e já lia todos os outros textos. Eu "obrigava" meus pais a ficarem sentados na minha cama para ouvirem minha leitura, todos os dias e ficava muito feliz com cada elogio e sorriso que davam para mim, isso me motivava a aprender mais e mais e a ser mais estudiosa.
 
Minha mãe é tudo pra mim, como eu estudava à tarde, ela parou de dar aulas pela manhã, só para ficar comigo e trabalhava no mesmo horário que eu estava na escola. Assim, estava sempre ao meu lado, auxiliando-me e encorajando-me. Na época de provas, ela estudava comigo com antecendência fazendo com que eu me sentisse segura e tranquila. Era uma festa quando minhas notas saíam, pois eram sempre ótimas e eu gostava de ver que meus pais se alegravam com isso.
 
Foi no CA também que eu apresentei meu primeiro teatro. Fui uma borboleta e em uma semana de ensaio já sabia a fala de todos. Depois que fiz o primeiro teatro na escola, nunca mais parei. O "29" apresentava vários teatros e eu queria participar de todos e ter as maiores falas. Na classe de alfabetização também tive que ler meu primeiro livro para prova. O título era "Dom Laçarote", era sobre um sapo que era o príncipe da lagoa e precisava casar-se, eu amei! Fiquei mais de meses lendo esse mesmo livro, mais de uma vez por dia e sabia todas as falas. Achava emocionante ler e por isso não queria parar. Adorava também fazer caligrafia, minha mãe comprava para eu treinar e eu ficava horas fazendo, era como um hobbie para mim. Fiz caligrafia até a 3 série (ou quarto ano do Ensino Fundamental).
 
Nas férias de julho, minha mãe comprava vários livrinhos de história e gibis do Maurício de Souza para meus irmãos e eu. Ela também comprava uns livros de pintar, de jogos de sete erros, de caça palavras e isso tudo fazia a minha paixão pelo aprendizado aumentar.
 
Na 1ª série estudei com a tia Valdete e fiquei super contente, pois a diretora, a tia Ivanise deu-me um prêmio de melhor aluna, saí mostrando para todos e o mais importante foi que os meus pais ficaram felizes comigo.
 
A partir da 3ª série tive aulas de redação e essa matéria era tudo para mim. Amava escrever, criar histórias... e eu era sempre a última a entregar pois todos escreviam as linhas determinadas pela tia Carmem mas, eu sempre ultrapassava. Conforme ia crescendo, meu amor pela leitura aumentava. Quando um livro era pedido na escola, na semana seguinte eu já estava terminando de ler.
 
Na quarta série conheci a melhor professora do mundo: tia Cris. Tinha uma verdadeira fascinação por ela e comecei a ter o desejo de ser professora, mas não qualquer professora e sim uma profissional como ela. Tia Cris conseguia fazer com que cada aluno se sentisse especial, ela nos valorizava e fazia tudo por nós. As aulas eram diversificadas, era tão gostoso aprender e estudar... Todo mês tinha as premiações dos três alunos que conseguiram mais estrelinhas. Conseguíamos estrelinhas ao ir para a escola, ao participar das aulas, ao fazer as tarefas com capricho, ao tirar boas notas, ao ser obediente, ao respeitar os amigos, ao levar lanche saudável para a escola (mas na sexta-feira era o "dia da porcaria", aí podíamos levar o que quiséssemos: refrigerante, cheetos, doces...) Ela nos ensinou de tudo, não só o conteúdo da quarta série mas, ensinamentos para uma vida toda. Até hoje tenho em meu diário uma foto que ela me deu e uma mensagem que escreveu. Este também foi um ano de muita tristeza para mim, pois era o meu último ano no 29 de Setembro. Aquela escola e os amigos que tinha eram tudo pra mim, não queria passar para a 5ª série só para não ter que sair de lá. Aproveitei cada momento e foi ótimo ter estudado lá.
 
No final de 1996, meus pais já estavam procurando uma outra escola para mim. Eles escolheram o Instituto São José Salesiano, considerado um dos melhores colégios da cidade. Em novembro desse mesmo ano fui fazer a prova de seleção. Estava muito nervosa, apesar dos meus pais falarem que eu era inteligente e que sairia bem. Quando entrei na sala e a professora explicou o que teríamos que fazer, fiquei feliz. Tudo que precisávamos fazer era uma redação. Não me lembro do tema, mas sei que escrevi sobre a minha cachorinha Pituxa. Duas semanas depois fomos buscar o resultado e fiquei entre os melhores, minha redação não teve um erro sequer de português.
 
Assim em fevereiro de 1997, com onze anos, estava na 5ª série C (a melhor turma, os melhores amigos, que ficarão para sempre em meu coração). No começo estranhei muito, era tudo diferente. O "29" era uma escola pequena, todos se conheciam, eu tinha uma só professora para todas as matérias (tirando a de educação física e a de inglês). Já o Salesiano era enorme, ficava com medo de me perder, tinha um professor para cada matéria e não conhecia ninguém. Mas com o tempo fui acostumando, fiz muitos amigos, a primeira amiga que fiz lá chama-se Caroline Intorne Santos (uma amizade verdadeira, passamos por tudo juntas e somos amigas até hoje.) A cada dia encantava-me mais com o colégio e comecei a amá-lo.
 
A igreja continuou ajudando-me muito, pois fiz vários discursos na primária e ao fazer doze anos, saí daquela salinha e fui para uma outra chamada Organização das Moças, onde fiquei até completar meus dezoito anos. Foi uma época maravilhosa, aprendi muito sobre família, dignidade, respeito, amor, a valorizar-me... Lá aprendemos que somos amadas filhas de Deus e que por Ele ser um Rei, somos Suas princesas e temos valor individual infinito. Lá, continuei dando mensagens e aos dezessete anos já dava algumas aulas para as outras moças. Comecei a fazer discursos também na Reunião Sacramental, que é o horário de todos os membros da igreja reunirem-se. Aos dezoito anos passei para a sala das mulheres, chamada Sociedade de Socorro e algum tempo depois fui chamada para dar aulas na classe do CTR (Conserve Tua Rota) que pertence à Primária. Aceitei o desafio de dar aulas para as crianças dessa classe, que têm entre quatro a seis anos de idade. Foi maravilhoso conviver com elas durante quarenta minutos todos os domingos. Aprendi muito mais do que ensinei e amei-os muito. Fui professora dessa classe por três maravilhosos anos. Depois fui chamada para ser a segunda conselheira da presidencia da Primária, onde estou até hoje, e aceitei sem pensar duas vezes. É maravilhoso poder trabalhar com todas aquelas crianças e quero fazer a diferença na vida delas assim como minhas "tias" da Primária fizeram para mim.
 
Voltando a falar de escola, continuei saindo-me bem nas matérias e os professores sempre elogiavam. As aulas de redação eram o máximo, cada bimestre tínhamos que ler um livro diferente e depois apresentar teatros, filmes contando a história do nosso livro. Por falar em livros, cada semana eu pegava um diferente na biblioteca do colégio. Li muitos livros, toda a coleção Vaga Lume, vários livros da Agatha Cristie, Pedro Bandeira, entre outros.  Depois, comecei a escolher os mais grossos porque os finos eu acabava de ler em dois dias. Aprendi muito lá, além de nos transformar em bons alunos, transformou-nos em ótimos amigos. Minha turma era muito unida, e as olimpíadas, as festas juninas, os passeios, os Fests Bosco só ajudavam a fortalecer nossos laços. Os professores eram maravilhosos, eram mais que nossos professores, eram nossos amigos e lembro com muita saudade de muitos deles: a Lene de inglês, a Maria Helena de ciências e programas de saúde, a Wanda de matemática, o Luís de história e filosofia, a Marcia de redação, a Tania de português, o Ronaldo de biologia, o Danilo de física, o PO de história, o Pletsch de história, o Raphael de artes entre outros. Com certeza aquela foi a melhor época da minha vida. Aprendi muito e fomos muito bem preparados para o vestibular.
 
Em relação a vestibular, passei o 2º e o 3º ano do Ensino Médio muito confusa, sem saber o que escolher, a única certeza que tinha era que faria algo relacionado a área de Humanas, pois Exatas nunca foi o meu forte. Senti-me muito perdida, sem saber o que fazer. O colégio deu várias palestras sobre profissões, nos mostrou muitas coisas diferentes, e em casa, eu pesquisava na internet sobre as diversas profissões e acabei decidindo por Jornalismo ou Propaganda e Marketing.
 
No 3º ano, comecei a gostar muito mais de português, apesar de odiar análise sintática. Comecei então a pensar a fazer Letras por alguns motivos. Uns são pessoais e me arrependo muito hoje, outros porque sempre amei ler e escrever, gostava de inglês e adorava português. Assim, no final de 2003, fiz minha inscrição para o vestibular na Faculdade Dom Bosco e fiquei bem feliz quando soube que pela minha nota do ENEM ter sido boa, não precisaria fazer o vestibular. Meus pais é claro, ficaram super orgulhosos de mim.
 
Estou gostando muito da faculdade, ampliei minha visão, aprendi bastante e quero continuar aprendendo. No meio do 2º ano da faculdade comecei a dar aulas de inglês para crianças do Jardim II até a 2ª série de uma escolinha, e tem sido mágico. Cada minuto que estou com elas, não tem valor. Elas já fazem parte da minha vida e só de pensar que ano que vem será meu ultimo ano com elas já fico com um aperto no coração.
 
Outra experiência maravilhosa que tive foi a de fazer estágio como professora de português no colégio estadual Oliveira Botelho. Desde o começo deste ano dou reforço para a turma da 7ª série e a cada aula dada, sinto-me mais satisfeita por ver que os resultados são ótimos. É uma alegria muito grande saber que eles aprenderam o que ensinei e melhor ainda, que recuperaram as notas com minha ajuda.
 
Quanto ao meu futuro, não tenho muitas certezas, a única coisa que sei é que quero dar o melhor de mim em tudo o que eu fizer e nunca parar de aprender. Em relação aos livros, eles fazem parte da minha vida, são uma verdadeira paixão. E mesmo quando eu estiver bem velhinha, eles continuarão na cabeceira da minha cama.
 
Para finalizar este memorial, quero agradecer aos meus pais por sempre terem me apoiado em tudo, por toda dedicação e amor. Agradecer a minha mãe por ter registrado a minha vida, pois sem ela não teria muito o que escrever aqui. Agradecer também a todos os meus professores, as minhas duas escolas queridas, aos meus amados amigos que estiveram sempre do meu lado e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ultimos Dias.

 
Essa sou eu pequenininha

 
Meus pais e meus irmãos... das antigas =p

 
Meu primeiro ano na escola...

 
Um dos vários teatros que fiz na escola...
 
 
  

3 comentários:

  1. Patty adorei um pouco de sua história!!! *-* (Pri Rocha)

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  2. Passa muito rápido, ver essas fotos me deu saudades de minha menininha.

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By Iâni Naíra